sábado, 17 de dezembro de 2011

Morre em São Luís o carnavalesco Joãosinho Trinta

O carnavalesco João Clemente Jorge Trinta, conhecido como Joãosinho Trinta, de 78 anos, morreu às 9h55m da manhã deste sábado (17). Ele estava internado em estado grave e respirava com ajuda de aparelhos no Hospital UDI, em São Luís, no Maranhão. O hospital informou que as causas da morte foram choque séptico secundário, pneumonia e infecção urinária. O corpo ainda está na unidade, e não há informações sobre o velório.
Joãosinho foi internado no dia 3 de dezembro com pneumonia. Segundo o cardiologista José Bonifácio Barbosa, diretor do hospital, o carnavalesco estava com insuficiência renal e cardíaca, além de falência múltipla dos órgãos. Ele estava no Maranhão atuando em projetos da Secretaria da Cultura para os 400 anos de São Luís, comemorados em 2012.
O transformador do carnaval carioca
Quando desembarcou sozinho no cais do porto do Rio de Janeiro em 1951, o maranhense João Clemente Jorge Trinta nem imaginava que mudaria definitivamente a cara do carnaval carioca e se tornaria o mais festejado e criativo carnavalesco de escolas de samba. Então com 17 anos, queria ser bailarino clássico.
Nascido em 23 de novembro de 1933, em São Luís, filho de operários, ele chegou a passar fome até conseguir ingressar no corpo de baile do Teatro Municipal. Como tinha interesse por quase tudo na montagem de um espetáculo, acumulou funções de bailarino, figurinista e cenógrafo.
Conhecido por pregar o luxo nas escolas, ele assombrou o Sambódromo com o desfile dos mendigos e do lixo. Ratos e Urubus, em 1989, é considerado por especialistas um dos maiores desfiles de todos os tempos, talvez o mais revolucionário. Joãosinho protagonizou uma briga com a Igreja Católica ao levar para a Sapucaí o carro alegórico que trazia um Cristo mendigo e teve que ser coberto com plástico preto. Mas em protesto pela censura, ele colocou uma faixa com os dizeres: "Mesmo proibido, olhai por nós!". Depois de ter cunhado a máxima "Quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo", o carnavalesco foi ovacionado por ter feito um desfile que expunha a pobreza e o lixo. Por ironia, Joãosinho e a Beija-Flor perderam o carnaval para a certinha Imperatriz, que cantou os cem anos da República.

Nenhum comentário:

Postar um comentário